"O novo calendário dos dois maiores eventos de moda no Brasil não são mais tão novos assim. Já é a segunda temporada que o São Paulo Fashion Week e o Fashion Rio acontecem com antecedência de seis a cinco meses para chegar às lojas. Quando antigamente essa antecedência era de menos de quatro meses. Já que as coleções de verão entram em média no começo de julho e as de inverno no começo de março. Isso fez com que muitas grifes não desfilassem em uma dessas temporadas visto que a primeira temporada de desfiles foi realizada 4 meses depois da anterior, ou seja, dois meses antes da data que muitas empresas estavam acostumadas.
Pode não parecer, mas o São Paulo Fashion Week movimenta uma indústria que vai de costureiras a modelos internacionais. Estima-se que a cada evento se movimenta cerca de 12mil empregos diretos e indiretos. Juntas, as grifes que desfilaram no meio do ano de 2012 gastaram em media 7 milhões de reais. Segundo Luminosidade (agência responsável pela organização do evento) a indústria nacional da moda movimenta cerca de 52 bilhões de reais por ano.
Mas tudo que era desfilado anteriormente (no calendário antigo) muitas vezes não passava de promoção da marca para a mídia. Já que muitas empresas preferiam não se arriscar, e produziam showrooms direcionados para compradores antes dos desfiles. Pois da data do desfile até a entrega das produções havia um intervalo muito pequeno. “Atendemos uma demanda antiga dos estilistas e marcas do mercado: ampliar o intervalo entre criação e entrega. Vamos, finalmente, ser iguais ao mercado externo, em que se vende e se tem de cinco a seis meses para entregar, não mais dois meses como era antes.” Declara Graça Cabral, diretora do InMod.
Mesmo diante de leves manifestos, por parte de alguns estilistas não houve escolha sobre a alteração dos calendários de moda de São Paulo e do Rio. E essas mudanças podem ainda variar até 2016. “Temos uma grande oportunidade neste momento de efetivar as mudanças pretendidas.” Explica Paulo Borges, CEO da Luminosidade. “De um lado porque as datas já estão sendo revistas em função dos grandes eventos internacionais que o Brasil vai sediar; e, mais do que nunca, as marcas e a cadeia produtiva da moda estão maduras para essa grande transformação.” E acrescenta -“Até 2016, estamos pensando em uma mudança em nossos calendários. É uma grande oportunidade de estabelecer um novo evento de moda, chamado de alto verão.”
Mesmo diante de tantos motivos positivos para essa mudança, um dos principais motivos da “falta” dessas grifes tem sido se acostumar com as mudanças. “Pensamos muito antes de tomar esta decisão. Fizemos uma análise do nosso cronograma anual e chegamos à conclusão de que seria melhor respirar e cuidar da nossa coleção comercial.” Foi a explicação de Gloria Coelho do por que não ter desfilado na ultima edição do SPFW. No ano passado, para participar da edição extra de outubro, que apresentou o inverno, Gloria fez sua equipe trabalhar dobrado. "Paguei hora extra para todos. Se repetisse o processo para esta edição, quebraria. A SPFW é a hora que posso soltar minha criatividade. Mas o dinheiro de fato vem da coleção comercial, que foi minha prioridade." Lembra também que a coleção de verão é uma das mais importantes, motivo do qual apresentou sua coleção de inverno, e não a de verão. “No Brasil temos apenas dois meses de frio. Então preciso de mais tempo para trabalhar esta coleção." A Estilista chegou a dizer a Paulo Borges que março não seria possível. "Ele não acreditou que eu não participaria". E declarou em uma entrevista ao Estadão que “não trabalha em ritmo de padaria”.
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Desfile de Inverno 2013 do Gloria Coelho para o SPFW |
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Desfile de Inverno 2013 do Reinaldo Lourenço para o SPFW |
Diante dessas mudanças resta esperar as promessas para as próximas semanas de moda do Brasil. “O Brasil vai ser o primeiro pais do mundo a lançar o inverno, nem que seja tropical. Isso significa o que? Que a gente não vai olhar pra nenhum outro pais lançador como referência.” Declara Contanza Pascolato."
*Curiosidade: Depois de idealizado as semanas de moda de São Paulo e do Rio, as datas de realização precisaram ser mudadas para as datas que tínhamos anteriormente (em janeiro e julho) devido à economia da época que não permitia muita antecedência para planejar uma coleção. Seis meses era muito tempo para planejar preços e custos devido à inflação.
Fotos: Site FFW